quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Roma (parte II)

Esqueci de dizer: domingo tinha nos planos ir à roda de capoeira do grupo Sao Bento Pequeno (grupo de capoeira angola do qual eu faço parte e que tem sede em Roma e em Olinda). Assim sai de casa com a camisa do grupo na bolsa. Tinha visto na internet, ainda em Torino, que a roda acontecia todo domingo no forte prenestina. O problema è que chegando em Roma ninguém sabia me dizer onde era o tal forte. Domingo, no vaticano descobri que o forte era do outro lado da cidade, num local que nem aparecia no meu mapa. Teria que pegar o metro e depois um ônibus, assim a camisa não saiu da bolsa e pensei que so voltaria a vesti-la em Olinda.

O dia da minha volta seria quinta. Pegaria a mesma carona com Giada fazendo o mesmo intinerario de retorno. Assim seguiram os dias: andando que so a miséria e tomando uma cerveja ou outra com Tomas e Michela (sua namorada), alguns amigos dela e algumas pessoas que ia conhecendo na rua. Na quarta, que pensava que seria meu ultimo dia em Roma, minhas pernas já estavam um lixo, mas inventei de ir as catacumbas de S. Calisto. Peguei um caminho errado e tive que andar mais ainda. Quando chego descubro que ta fechado. As catacumbas não abrem na quarta. Onde já se viu disso? Catacumba não abrir na quarta? Tentei a sorte e andei um pouco mais à frente nas catacumbas de S. Sebastiao. Também fechada. A essa altura minhas pernas não serviam mais pra nada. Assim resolvi voltar pro centro de ônibus e passar o resto do dia tomando cerveja em algum parque. Pra minha sorte conheço Suzanne na parada de ônibus, uma polaca que estava na mesma situação que eu: deu com a porta na cara nas catacumbas, partiria de Roma no outro dia e estava com as pernas imprestáveis. Assim arrumo uma ótima companhia pra cerveja, que afinal não foi no parque, mas numa mureta de uma escadaria que dava vista pro fórum romano.


Tomas, Michela e Vitor

Quarta de noite Giada me liga e avisa que o retorno foi adiado para sexta de manha. Assim ganho mais um diazinho, e começo a pensar em qualquer coisa que se possa fazer sem ter que andar ou ficar em pe.

A noite conheço Domitille, uma amiga de Michela simpaticíssima, que no fim da noite me empresta sua bicicleta resolvendo assim meu problema de caminhar!!

A quinta começa mal. Me apronto todo para rodar de bicicleta, mas fico preso por dentro no apartamento de Tomas. Por sorte, a vizinha da frente estava saindo e escuta o barulho da chave e para pra me ajudar. Jogo a chave por debaixo da porta e ela consegue abrir por fora. Era uma velhinha de menos de 1,5m com um sorriso simpático na cara. Me conta que essas portas velhas são horríveis e que ela também já tinha ficado presa na casa dela. Enfim saiu. Ainda não tinha entrado no Coliseu porque no dia que pretendia ir choveu e assim fui adiando e acabei sem entrar. Não entrei ate agora e não seria hoje, que estou de bicicleta, que entraria. Passo o dia rodando e as 6h, como combinado, vou ao trabalho de Domitille para lhe devolver a bicicleta. Quando chego ela estava de partida para um concerto em homenagem a Mercedes Sosa. Devolvo a bicicleta, que fica no estacionamento, e vou com ela ao concerto. No concerto conheço uma colombiana, que não lembro o nome, que me leva a uma festinha latino-americana. O lugar era um inferninho: apertadinho, quente e com um grupo afinado que so tocava ritmos latinos. Nesse lugar conheço Monia, que pela maior das coincidências faz capoeira no grupo São Bento Pequeno de Roma. Assim resolvi dispensar a carona de volta com Giada e so voltar pra casa de trem domingo de noite depois da roda. Resolvi também mudar de casa. Nesses 3 dias me mudei para casa de Monia (não que na casa de Tomas tivesse qualquer problema. Estava ótimo. Me mudei apenas para mudar de ares, conhecer gente e aguçar o sentimento de aventura e liberdade da viagem. Outra coisa também è que visita que vem pra passar 4 dias e acaba ficando 9 quase sempre è receita de inconveniência).

Uma coisa rara, pelo menos por onde tenho andado, è uma casa que tenha liquidificador. Assim resolvo fazer a receita de macaxeira gratinada da mãe de Sávio como modo de agradecer a hospitalidade do pessoal da casa, que são 4: Monia, Cristina, Enzo e Luigi. Sávio fez uma vez essa receita em Angola e ficou boa de cair os dentes!! A ideia era fazer o jantar de sábado, assim sábado de manha vou no mercado e compro tudo que é preciso (mas não acho nem charque nem carne de sol e compro qualquer uma). Sábado a noite volto pra casa tarde e encontro Cristina e Enzo verdes de fome de tanto esperar, mas a macaxeira fica adiada para domingo.


casa de Monia

Domingo chego do mercado di porta pertese, onde acho varias coisas usadas e uteis a 1 euro e me ponho a cozinhar. 3 horas depois e totalmente arrependido dessa idéia, termino o bendito prato. A essa altura já esta na hora de ir pra roda. Assim sigo com Monia e deixo a travessa esperando no forno. A sede do grupo fica no forte prenestino, um antigo forte que agora é um centro social autogerido (se escreve assim?) e que abriga varias atividades e associaçoes. Infelizmente o Mestre Rogerio estava doente e nao estava presente naquele domingo, um azar tremendo. Eu tambem nao me fiz saber quei ria estar presente naquela ocasiao. Mas de qualquer forma, o grupo Sao Bento Pequeno de Roma è otimo. A roda foi bela e nao fazia feio frente a olindense. O problema è que, como de costume, quando chega alguem de fora na roda todos querem jogar com essa pessoa, mas depois de 5 minutos ja estava morto, mas correu tudo bem. Ainda bem que a tecnica nao foi embora tao rapidamente quanto o meu condicionamento fisico.


Grupo Sao Bento Pequeno de Roma (quando lembrei da foto 1/3 ja tinha ido embora)

Depois da roda, com a macaxeira gratinada esperando no forno, todos fomos a casa de Monia e fizemos uma farrinha. Farrinha rapida porque a roda acabou às 20h e 22:50h meu trem partia da estaçao.


Roma

Agradecimentos:

- A Giada e Silvia, pela carona e companhia na viagem.

- A Tomas, por me receber de forma tão carinhosa, pelo zelo e pelo esforço para que me sentisse sempre a vontade.

- A Michela, por apresentar ótimas choperias e por me dar de presente um material sobre a via francigena que estava procurando já fazia algum tempo e não encontrava em canto nehum.

- A Domitille, por me emprestar sua bicicleta e me indicar (e me levar à) ótimos lugares.

- A Suzanne, pelo tempo tranqüilo e lento regado a cerveja.

- A Colombiana que não lembro o nome, pelo convite ao inferninho latino-americano

- A Monia, por ter aberto sua casa pra mim, por ter me feito ficar mais 3 dias, pelos vinhos e cervejas e por ter me levado a roda do são bento pequeno.

- A Cristina, Enzo e Luigi, pela hospitalidade.

- A Alma, pela carona a estação sem a qual provavelmente teria perdido o trem de retorno.

-Ao grupo São Bento Pequeno de Roma, pela recepção e vadiagem.

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