quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O Apito

No fim do carnaval do ano passado me dei conta que estava sem o meu apito. Aquele apito já vinha me acompanhando a, pelo menos, uns cinco carnavais e alguns e(n)(r)eas. Pensei que o tinha perdido, mas meses depois o encontrei pendurado no quarto de Savio. O safado tinha me roubado o apito. Assim, descarado como quem rouba um beijo e encontra-lo pendurado no seu quarto me alegrou muito.

No carnaval desse ano percebi que com o roubo de Sávio nasceu um gesto de poesia: a entrega do apito. Assim, antes de voltar pra casa, deixei meu apito pra Vanessa, que nos hospedou em sua linda casa em Veneza. A presenteei antes de subir no trem e naquele momento percebi como ele (o apito) me era intimo e simbólico. Dei o meu apito como quem dar um tesouro raro. Belo também porque Vanessa entendeu toda a carga afetiva que o apito carregava já que cansou de ouvi-lo gritar esses dias.

Espero que Sávio não tenha esquecido de pendurar o seu apito no pescoço nesse carnaval. Seria a coisa mais triste para aquele pobre instrumento ser esquecido em casa depois de esperar o ano inteiro pare ser soprado no carnaval.

2 comentários:

[savio.machado] disse...

O apito responde aos sons do clarim de Momo e se torna impossível esquece-lo em algum recanto. Pendurado em meu pescoço e sendo soprado como um primeiro oboé da firlamônica carnavalesca, ele não só marcou o ritmo das marchas como aglutinou quem o ouvia. Como manda a tradição o apito foi passado a frente, está com PCman, e agora aguarda sereno o novo carnaval chegar. Prriiiii!...prriiii!... FORMAÇÃO! MINHA NAÇÃO DO GUARARAPES VARADOURO! Prriiiii!...prriiii!...

[pc.silva] disse...

Esse apito não é dos trens de outrora...
Nem dos árbitros de futebol...
Não é de outro como as coisas de ouro...
Nem é de vento como os pastéis.

Ele é de madeira e tem o peso de carregar a multidão Guararapesvaradouriana pelas ladeiras de Olinda.

Apito, relaxa que o ano que vem tem mais!